O filme de Toda Nudez Será Castigada para mím foi arte em todos os sentidos, seja pela música, a imagem de aqueles anos, as roupas que os atores vestiam ou só pelo estilo em que os filmes eram feitos anos atrás, em geral eu adorei. Uma das coisas que mais chamou-me a atenção foi como outra vez nesta história do Nelson Rodrigues ele joga com os papéis do homem e da mulher na sociedade e como tenta paralelizar os dois mundos. O mundo da realidade e o mundo da fantasia, ou como foi apressentado na aula pelo professor, os dois universos.
Os paralelismos nesta história são muitos, se consegue ver como a figura do homem, o Herculano, é ligada ao mundo da realidade. Aquele mundo onde os valores e os princípios da familia são as prioridades. E a figura da mulher, neste caso a Gêni, é ligada aquele mundo da fantasia, das mentiras, dos vagabundos, do proibido. Aqui é quando entra aquele jogo dos papeis que eu falei, como além do fato que o Herculano é o chefe da casa, personifica aquela figura patriarcal e perfeita, mas na verdade ele esta cheio de falhas e mentiras como qualquer outro. A Gêni, que representa aquele mundo ruim, nesta história é a vítima. Uma vítima da crise existencial que há nesse mundo da realidade com o Herculano, Patrício, Serginho e com as três tias. Esta crise existencial ondo todos os membros da familia têm falhas. O Patrício (irmão do Herculano) é um malandro complete, cheio de mentiras e inveja. O Herculano esta confuso pela morte da sua esposa e com aquela incompetência de desenvolver seu papel de chefe de casa corretamente. O Serginho esta naquele luto profundo e mórbido, e as tias com as suas creenças antiquadas são provas que há um conflíto familiar/existencial forte. Este conflíto é o mesmo que acaba com a Gêni, o mundo da “realidade” acabou com ela.
Já que falei da sociedade patriarcal que há nesta história que toma lugar no Brasil, acho que é importante também incluir os elementos que o Nelson Rodrigues usa para deteriorar a mesma. Um dos jeitos que ele usa é com as diferenças que há entre as gerações. Na peça, há três gerações que são expostas e colapsam uma com outra. A geração das tias, três mulheres que nunca casaram-se e que vêm de uma geração completamente patriarcal elas têm a vontade de continuar a reproducir os principios e valores patriarcais que ja tinham na nova geração. A geração do Herculano, também patriarcal em natureza, e por último a geração mais “moderna” que é a do Serginho. Eu falo das gerações porque as novas gerações sempre têm o potencial de desafiar o modus operandi das gerações anteriores, além do fato que podem adquirir valores e principios delas também. O elemento que o Nelson usou aqui foi a geração do Serginho desafiando a geração patriarcal anterior com o seu pior inimigo, o homossexualismo. No fim do filme o maior adversário da sociedade patriarcal foi o triunfante, e neste caso foi o homossexualismo. É muito interessante ver como a conclusão desta história é uma grande crítica de como a sociedade era nesse tempo e como aqueles conceitos patriarcais ao fim de contas por natureza são conflitivos.
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